Friday, January 06, 2006

King Kong

Este "remake" de Peter Jackson, aclamado pelo “Senhor dos Anéis”, é tudo menos um filme consensual. King Kong, sob a forma de a “Bela e o Monstro”, com o conteúdo de “Selva Urbana vs Selva Selvagem”?
Peter Jackson não desilude. Os efeitos especiais são bons, apesar da cena da fuga dos Brontossauros e da luta entre King Kong e os V-Rex serem demasiado fantasistas.
Como no Senhor dos Anéis, Jackson, coerente, não esconde nos seus filmes o lado negro: os habitantes da Ilha da Caveira (em transe ao ofertarem a “Bela” a Kong), os enormes insectos e bichos ou o impagável Carl Denham, todos eles desaconselháveis a crianças.
Quanto a actores: Jack Black (“O Amor é Cego” e “Alta Fidelidade”) tem aqui a sua melhor interpretação. O seu Carl Denham, ele sim o monstro, maquiavélico até ao osso; pois nada o demoverá da sua intenção, é sublime.
Já Naomi Watts (Ann Darrow) relembra que ninguém chora como ela. Os seus olhos cobertos de lágrimas são únicos, tal como o sentimento que consegue transmitir, (o quão orgulhoso deve estar David Lynch que a descobriu em Mulholand Drive).
É do melhor que o filme tem: a “Bela” Ann convence-nos que qualquer “monstro” ficaria comovido pela sua beleza e pela sua fragilidade.
Tão bela como pura (Jackson a dizer que a verdadeira beleza vem do interior?).
Para a sua pureza 2 momentos chave: 1º recusa vender o seu corpo para sobreviver - dignidade - e 2º recusa participar no espectáculo em que Carl exibe Kong ao mundo - fidelidade.
A sua personagem é comovente, (estaremos perdidos quando a beleza não nos tocar deixando um nó na garganta).
Temos ainda Jack Driscoll, herói que luta com criaturas selvagens, com o próprio Kong, e contra os companheiros de viagem para salvar Ann. Um caso de superação pela força do amor.
Como diz a personagem Bruce Baxter: os verdadeiros heróis não são tão bonitos quanto os heróis do cinema.
Por tudo isto este "blockbuster” soa a crítica ao “politicamente correcto”.
Para os amantes de filmes de aventuras o filme será demasiado longo, o filme vale pela sua mensagem: a sociedade contemporânea é uma selva.
O desemprego, o “passar por cima de tudo e todos” para atingir a fama e a exploração do exótico para divertimento dos ricos. Está tudo lá.
Kong é só um grande gorila que não resistiu à Bela, mas quem poderia resistir a tal beleza pura?

3 Comments:

At 12:41 PM, Anonymous Anonymous said...

mané (... da prima do palhã) por acaso este é um filme que gostava de assistir nos cinemas, mas infelizmente aqui no faial só deve estrear daqui a alguns meses.
Dizes então que vale a pena ir ao cinema só para ver a beleza da atriz principal?Realmente esperava mais desse filme!!!É o que acontece muitas vezes, filmes com muita publicidade e no fim de contas são filmes pouco interessantes!
Um blumblum pa voçês

ps: vi a tua msg sobre o anuncio, tou a pensar ainda manter aqui mais algum tempo, sou teimoso acredito que as coisas aqui hão-de melhorar, mas cada vez mais tenho dúvidas acerca disso.

 
At 1:11 PM, Anonymous Anonymous said...

Caro amigo, quanto ao filme tenho apenas dois comentários: Como é fácil arrancar uma gargalhada sincera! Como isso cativa os outros! Como isso nos ultrapassa! O riso exorcisa todos os "monstros" que possam existir no mundo!
Por fim, os "monstros" não existem!!!! Só nas nossas cabeças, que estão formatadas para olhar as coisas sempre da mesma maneira!!
Mil beijinhos e um super 2006!
Lucy

 
At 2:08 PM, Blogger melena said...

Cara lucy

Concordo a 100% com a força do riso sincero.

E a 110% quanto à formatação das cabeças.

Agradeço e retribuo o voto de bom ano.

 

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