Saturday, December 17, 2005

Soares dixit

Segundo li no diário mais antigo do país (Açoriano Oriental), o candidato Mário Soares, disse que «a candidatura presidencial de Manuel Alegre é um pouco utópica e poética».
Quanto a mim, se for só «um pouco» não serve.
Precisamos de um presidente muito utópico e poeta, pois só assim conseguirá suportar as birras dos portuguesinhos. Quanto a mim esta frase ou é a morte do artista ou Soares deseja no seu interior que o “Poeta Alegre” ganhe as eleições.
Alegre sempre poderia declamar os discursos, em vez de os ler de modo “ensonador” e isso não é nada discipiendo.
A maneira como irá ler os seus discursos é o elemento que pesa mais na nossa escolha do Presidente da República, pois esse tem sido o único trabalho feito pelos Presidentes que pude ver em acção.
O candidato Alegre é de todos o que tem a voz mais sensual. É o Leonard Cohen dos candidatos presidenciais.
Não diz nada de diferente dos outros candidatos, mas com aquela voz, se fecharmos os olhos parece que estamos a ouvir o Leonard Cohen, mas em português.
E sempre diria algo épico, e ainda por cima em verso, aos condecorados pelo 25 de Abril.
Neste país sem lei nem rei, como já dizia o Pessoa, só um «rei» poeta é capaz de entreter as cortes, e só sendo também utópico pode pensar que é capaz de ajudar Portugal a sair da crise.
Crise? Como dizia um professor da faculdade «crise» é por definição algo passageiro. Isto dura há tanto tempo que já não é crise, é estado de alma, digo eu.
Viva a Poesia, mesmo a sério.

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