Thursday, December 29, 2005

Autarquias “amigas do ambiente”

A 7 de Dezembro, a Câmara Municipal de Tavira recebeu duas novas viaturas “amigas do ambiente”, 2 Toyota Prius estão agora ao serviço da edilidade.
Antes desta, só a Câmara Municipal de Almada tinha adquirido 5 destes veículos.
Os veículos híbridos, (em Portugal temos o Honda Civic IMA e o Toyota Prius), têm um nível de emissões de hidrocarbonetos e óxidos de azoto inferiores em cerca de 80 % aos veículos equipados com motores de combustão interna.
Fiquei com estas dúvidas:
Quando seguirão os outros 306 municípios estes exemplos?
Quando vão os membros do Governo trocar os Mercedes e BMW’s dos Ministérios por veículos híbridos?
Quando vai o Governo efectivamente (a anunciada revisão “amiga do ambiente” é um embuste) reduzir significativamente o IA, e porque não o IVA, sobre os carros híbridos?
Em termos de decisão puramente económica, convém recordar que perante carros “equivalentes” os híbridos são mais caros no acto de compra, apesar do menor consumo de combustível, o que pode afastar o consumidor privado no acto de compra.
Os últimos 2 Prius custaram €55.866,70, € 27.933,35 cada, segundo a edilidade, mesmo assim mais baratos que os Mercedes do Governo.
Os veículos híbridos não são a solução mágica para proteger o ambiente, mas também não vivemos num mundo perfeito.
Todos os passos, por mais pequenos que sejam, em defesa do ambiente devem ser elogiados.

Tuesday, December 27, 2005

O drama… o horror… a tragédia…

O líder do CDS-PP, Ribeiro e Castro, na semana antes do Natal presenteou-nos com a ideia, se é que se pode chamar “ideia” a uma tirada destas, de que o terrorismo tem origem na chamada “esquerda”.
Ribeiro e Castro confundiu a época e pensou que estava no Carnaval ou em pleno 1 de Abril para nos despejar esta autêntica “bomba”.
O assunto é demasiado sério para que Ribeiro e Castro tente ganhar votos lançando uma pedrada destas para o autêntico charco político em que Portugal se transformou.
É quase como uma “fuga em frente”; quando nada há de útil a acrescentar para engrandecer o discurso político em Portugal, fica sempre bem na fotografia lançar um cliché qualquer sobre a cena internacional.
O terrorismo, seja o do 11 de Setembro, os ataques a Madrid ou a Londres, seja os menos “telegénicos” ETA, IRA ou o infindável conflito Israelo-Palestiniano são assuntos demasiado sérios para que o líder do CDS-PP diga o que disse.
Milhares de pessoas morreram ao longo dos anos vítimas do terrorismo.
O terrorismo não tem pai, pois não tem pátria, nem religião, nem quadrante político.
Floresce muitas vezes onde há opressão, segregação, onde ele é muitas vezes resposta (também ela ilegítima) a essa agressão.
É dever de todos e de cada um lutar pela tolerância, pela igualdade, pelo respeito dos direitos humanos, piores inimigos do terrorismo.
Onde houver uma sociedade justa não haverá fanáticos dispostos a imolarem-se sabe-se lá porque secretos desígnios.
Não é com “ideias” destas que se combate o terrorismo, atitudes rotuladoras como esta só contribuíram para o fanatismo.
É verdade que qualquer pessoa minimamente informada e com sentido crítico não vai nessa cantiga.
Mas no nosso Portugal rural e envelhecido em que um bom “sermão” pode decidir o sentido de voto, nunca se sabe.
Espero que as pessoas pensem bem nessa ideia de Ribeiro e Castro, para depois a/o guardar em grande destaque na gaveta do esquecimento.

Friday, December 23, 2005

O Natal salvo pela crise

Há dias li um artigo de um sociólogo onde reflectia sobre como a crise económica que atinge os portugueses pode ser o regresso a um Natal mais Natal.
Eu que sou um “Nataleiro”, e até por defeito pessoal, acredito que aquilo que fazemos, devemos fazê-lo por convicção só posso ficar feliz com um Natal mais Natal.
O Natal, até na origem da palavra, é “nascimento”.
É sabido que a data certa do nascimento de Jesus é assunto de discussão, mas é hoje assente que em Dezembro não foi de certeza.
A data neste caso é simbólica, interessa é recordar o nascimento de Jesus.
Por isso Natal é celebração do nascimento de Jesus. É esse o nome desta quadra.
Não estamos a festejar as compras, por isso não é o “Compral”.
Nem o nascimento dos presentes, se o fosse, a quadra seria o “Presental”.
Mas não, o seu nome é Natal; o nascimento, neste caso de Jesus.
É pena que seja necessária uma crise para que as pessoas comprem menos presentes e se façam mais presente.
Há maior presente que um voto de «Boas Festas»? Ou que um sincero «quando é que vais lá casa»? De um postal de Natal com dedicatória não uniformizada? De um abraço à saída da missa do Galo. Ou do «inaugurar» de um licor caseiro feito no Natal do ano passado?
Natal é isso mesmo: música de Natal, iluminação nas ruas, périplos pelos presépios, com bolo-rei e bacalhau da consoada, e a melancolia do sorriso de criança ao abrir as prendas.
E por uma só vez no ano, durante o Natal as pessoas lembram-se que são pessoas, que têm família, que o importante é o sentimento.
Natal é a renovação de um eterno desejo de Paz e de Amor, fonte de tudo o que há de bom no mundo.
Oiço muita gente mais velha a dizer “o Natal já não é o que era”. Acho que as pessoas é que já não são o que eram.
No Natal as pessoas até param um pouco para conversar. Conversar: esse hábito ancestral e em perigo de extinção, que qualquer dia serão necessárias “reservas de conversação” onde se guardem as pessoas que ainda sabem o que é conversar.
Basta de conversa! Um sincero voto de Santo Natal.

O “maciço” Marques Mendes

Domingo ao início da noite estava eu a conduzir ouvindo com interesse o noticiário da TSF, quando ouvi o líder do PSD dizer “o aumento dos impostos é uma arma de destruição maciça do emprego”.
Sei que nos últimos anos muito se falou em armas de destruição maciça, e muitas dessas vezes em plenos serviços (des)informativos das nossas TV.
Apesar de, para muitos, «A Verdade» ser o que passa na televisão, estou tentado a arriscar que aquilo em que Marques Mendes pensou era “em massa”, em vez de “maciça”.
Em ambos os casos o objectivo será a referência à capacidade de atingir muitas pessoas e não à qualidade de ser compacta.
Senão vejamos, a definição do adjectivo “maciço”: compacto, espesso, sólido.
Enquanto que o vocábulo “massivo” não consta do dicionário que consultei, aliás na linha da maioria dos vocabulários e especialistas.
Para pequeno vislumbre dos rios de tinta que tal controvérsia levanta um olhar rápido a http://ciberduvidas.sapo.pt/ é esclarecedor.
Encontramos sim, o substantivo “massa” que por sua vez significa: grande quantidade de pessoas, multidão.
Por tudo isso, para muitos especialistas a expressão correcta é “em massa”, essa sem sombra de dúvidas relativa à capacidade para atingir uma multidão, já maciça (pode) significa(r) que a arma é compacta.
Penso que isto não é um pormenor, apesar de serem os pormenores o que nos definem.
E eu que até acho que Marques Mendes tem feito um trabalho maciço (no sentido de sólido) no interior do seu partido.
Agora que na pré-campanha presidencial se falou sobre o patriotismo e que Vasco Pulido Valente, no Público de dia 16, se interrogava sobre “onde buscar o fundamento para o amor à Pátria”, só me apetece citar Pessoa: “a minha pátria é a minha língua”.
Pois que seja, mas ao menos que seja bem tratada... “em massa” como é óbvio.

Saturday, December 17, 2005

Soares dixit

Segundo li no diário mais antigo do país (Açoriano Oriental), o candidato Mário Soares, disse que «a candidatura presidencial de Manuel Alegre é um pouco utópica e poética».
Quanto a mim, se for só «um pouco» não serve.
Precisamos de um presidente muito utópico e poeta, pois só assim conseguirá suportar as birras dos portuguesinhos. Quanto a mim esta frase ou é a morte do artista ou Soares deseja no seu interior que o “Poeta Alegre” ganhe as eleições.
Alegre sempre poderia declamar os discursos, em vez de os ler de modo “ensonador” e isso não é nada discipiendo.
A maneira como irá ler os seus discursos é o elemento que pesa mais na nossa escolha do Presidente da República, pois esse tem sido o único trabalho feito pelos Presidentes que pude ver em acção.
O candidato Alegre é de todos o que tem a voz mais sensual. É o Leonard Cohen dos candidatos presidenciais.
Não diz nada de diferente dos outros candidatos, mas com aquela voz, se fecharmos os olhos parece que estamos a ouvir o Leonard Cohen, mas em português.
E sempre diria algo épico, e ainda por cima em verso, aos condecorados pelo 25 de Abril.
Neste país sem lei nem rei, como já dizia o Pessoa, só um «rei» poeta é capaz de entreter as cortes, e só sendo também utópico pode pensar que é capaz de ajudar Portugal a sair da crise.
Crise? Como dizia um professor da faculdade «crise» é por definição algo passageiro. Isto dura há tanto tempo que já não é crise, é estado de alma, digo eu.
Viva a Poesia, mesmo a sério.

Thursday, December 15, 2005

O Faial é notícia

Faz amanhã uma semana que o navio «CP Valour» encalhou ao largo da freguesia da Praia do Norte na ilha do Faial.
E tudo parecem ser más notícias, pois não se vê solução à vista.
Este acidente demonstra à saciedade a falta de recursos para patrulhamento e protecção da nossa Zona Económica Exclusiva, elemento identificador e dinamizador da nossa economia.
O quanto descemos, desde país «navegante» que descobriu novos mundos para o mundo, a pobre país periférico que nem as suas águas consegue policiar.
E isso é tanto mais grave nos Açores, pois o mar é a nossa definição e principal característica; somos ilhéus.
O mar é, não só mas também, a nossa única fronteira e não estamos a demonstrar capacidade para a controlar.
Ouvi na rádio o presidente do Governo Regional, que muito interessado se deslocou ao local, dizer: «estou aqui porque tudo o que acontece nos Açores diz respeito ao Governo Regional». Verdadeira pérola do raciocínio lógico!
É reconfortante ouvir isso, pois não sabíamos se o que interessa ao Governo Regional dos Açores é o que se passa, por exemplo… sei lá, na Madeira? Agora, podemos todos dormir descansados.
O que não o ouvi dizer foi o que pensa o Governo Regional fazer para resolver (ou ajudar a marinha a resolver) a situação, para evitar situações iguais no futuro, ou que plano precaveram para o caso indesejado de um grave desastre ecológico.
Nem comentar a evidente falta de meios no combate à poluição ou até a afirmação da organização ambiental “Geota” que fala na «demora no início das operações de limpeza».
Um jornal diário regional de hoje chamava a atenção para as mais de 1.000 toneladas de «fuel-óleo 380» que o navio transporta e para a possibilidade do desastre ecológico, não só no Faial, mas em outras ilhas. E o Pico ali tão perto.
E assim vamos nós numa pretensa região que quer vender aos nórdicos a imagem de destino paradisíaco e de natureza virgem.
Agora, uma coisa é certa, se um grave desastre ecológico acontecer, publicidade não vai faltar e os nossos futuros visitantes vão ouvir falar bastante sobre uma tal de ilha do Faial nos Azores. Publicidade invertida?

Tuesday, December 13, 2005

"De Tanto Bater o Meu Coração Parou"

“De Tanto Bater o Meu Coração Parou”, realizado por Jacques Audiard, com Romain Duris, no principal papel é um bom motivo para sair de casa.
Primeiro que tudo, o seu a seu dono: este filme é um "remake" de "Fingers", de James Toback, protagonizado por Harvey Keitel.
Passando ao filme, este bom filme francês, é mais um dos bons filmes europeus que passaram nas salas de cinema durante este ano (recordo apenas o «espanhol» “Crime Ferpeito”).
Claro que muito do êxito de “De Tanto Bater o Meu Coração Parou”, é mérito do seu protagonista principal, também ele muito em voga em terras lusitanas "A Residência Espanhola" e “As Bonecas Russas” são bem a prova disto.
Mesmo sem nos convencer que Romain Duris saiba tocar piano, Tom, a personagem do filme, convence-nos e bem que o piano (música) está no seu sangue, (e sangue é coisa que não falta no filme).
Nele a música é algo de visceral, sentida no estômago, capaz de nos torturar na busca da perfeição e da beleza da arte.
E Tom não está sozinho nessa luta.
O amor entre Tom e a sua professora de piano nasce do amor de ambos pela música, e algumas das sequências mais engraçadas do filme residem aí.
Claro que o filme tem o cliché de «salvo pelo amor»; o bom bandido que Tom era, dá lugar ao incipiente músico, mas muito esforçado, que da sua arte quer fazer vida e que qual «cereja em cima do bolo» honra os laços familiares.
Apesar das circunstâncias adversas Tom acredita em si, na música, na beleza da arte para o arrancar do seu mundo vil, e ele acredita mesmo que vale a pena o esforço.
Digo é, que por este filme vale mesmo a pena sair de casa.

11 Dias

Faltam hoje 11 dias para a Véspera de Natal.
Está na altura certa para, vagueando por casa, comer umas fatias (a primeira é só para iniciação ao ritual) de bolo-rei enquanto se ouve música de natal no portátil.
A música lá fora é outra pois o vento abunda.
A noite chega depressa em Dezembro, e por ela reclamam as luzes que decoram as nossas ruas.
Até o mau tempo é bem-vindo, para que, com mais sofreguidão se provem (e reprovem) os nossos mais típicos e generosos licores caseiros.
E por uma só vez no ano até suporto a publicidade, a tudo o que compramos para acompanhar esta época festiva.
Que querem... o Natal está-me no sangue.

Inicio

13 Dezembro 2005.

Um dia tão bom como qualquer outro para iniciar um blog.