Sunday, April 30, 2006

Oscar Wilde

Oscar Fingal O'Flahertie Wills Wilde (Dublin, 16 de Outubro de 1854 — Paris, 30 de Novembro de 1900).

Escritor irlandês escreveu uma série de comédias, entre elas: Uma mulher sem importância, O Leque de Lady Windernere, A importância de ser sério. Seus contos como O Príncipe Feliz, O rouxinol e a rosa são de uma beleza incalculável. Entre os romances, destacam-se O retrato de Dorian Gray e O crime de Lord Artur Saville. Sua lírica alcança grande profundidade na Balada do cárcere de Reading e no fragmento De profundis.

Escritor genial, que depois da fama foi apanhado nas malhas da lei (moralizada) caindo em desgraça, teve um fim de vida longe da sociedade e na penúria.
Ousou assumir o que sentia numa sociedade que não aceitava (talvez ainda não aceite) a diferença.
Ficou a sua obra impar, reflexo do seu génio controverso, de que esta citação é parte

“As loucuras são as únicas coisas de que nunca nos arrependemos.”

Wednesday, April 26, 2006

Libertas

Como ontem foi 25 A, aqui fica o início do poema “Liberdade” de Fernando Pessoa.

Liberdade

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa…

Monday, April 24, 2006

Banca

Foi notícia de 1ª página de 3 de Fevereiro de 2006:
- 3 maiores bancos privados ganharam mais 42 % em 2005.

Notícia de hoje:
O Banco Espírito Santo (BES) divulgou os resultados não auditados do primeiro trimestre do exercício, apresentando mais 31% no lucro líquido, o qual ascendeu a 105,1 milhões de euros (M€). A actividade de crédito aumentou 13,4% no período.

Para a banca "subir", as pessoas "descem".
Como ouvi dizer uma vez: “quem compra casa, casa com o banco”.

Quem acham que afinal ganha com a especulação imobiliária?

Friday, April 21, 2006

Antero de Quental

esta terça-feira fez 164 anos que nasceu o Senhor que segue:




Antero Tarquínio de Quental (Ponta Delgada, 18 de Abril de 1842 - 11 de Setembro de 1891) foi um escritor, político e poeta português. Conferencista no Casino Lisbonense, também chamadas de Conferências do Casino, com a palestra Causas da Decadência dos Povos Peninsulares. Pertenceu ao grupo da geração de 70.

Antero de Quental em Julho de 1855 foi estudar em Coimbra. Matriculou-se na Faculdade de Direito em 1858 e concluiu o curso em Julho de 1864. Em 1865, foi um dos principais envolvidos na polémica conhecida por Questão Coimbra, em que humilhou António Feliciano de Castilho, seu antigo professor e crítico literário que se tinha por cânone para os escritores nacionais: ao livro "Odes Modernas" de Antero, Castilho respondeu com críticas duras sobre o jovem tolo que escrevia de forma assaz estranha e de gosto muito duvidoso. Antero respondeu com o opúsculo "Bom Senso e Bom Gosto", em que definia a sua literatura por oposição à instituída: ao Ultra-Romantismo decadente, torpe, beato, estupidificante e moralmente degradado, Antero opunha o Realismo, a exposição da vida tal como ela era, das chagas da sociedade, da pobreza, da exploração.

Antero defendia a poesia como "Voz da Revolução", como forma de alertar as consciências para as desigualdades sociais e para os problemas da humanidade. Em 1866 foi viver em Lisboa, onde trabalhou como tipógrafo. Uma profissão que exerceu também em Paris, em Janeiro e Fevereiro de 1867. Em 1868 regressou a Lisboa, onde formou o Cenáculo, de que fizeram parte, entre outros, Eça de Queirós e Ramalho Ortigão. Em 1874 adoeceu de psicose maníaco-depressiva, que desde então o afligiu, acabando por suicidar-se.

Tuesday, April 18, 2006

171 anos

O Açoriano Oriental, que ostenta o estatuto de mais antigo jornal português, assinala hoje o seu 171º aniversário.

Como se diz por cá: é obra.

Parabéns

Monday, April 17, 2006

Jules Renard

Pierre-Jules Renard, escritor francês, nasceu a 22 de Fevereiro de 1864 em Châlons du Maine, Mayenne, faleceu a 22 de Maio de 1910 em Paris.

"Uma palavra tão doce, que a desejaria com rosto, para poder beijá-la."



Quem lança um palpite acerca de que palavra ele se refere?

Thursday, April 13, 2006

Para férias dia 11

Ontem dia 12, dos 230 deputados da Assembleia da Republica 119 estavam já para férias de Páscoa.
Se estivessem 116 presente e as votações se realizassem, as televisões nem davam destaque ao assunto.
Não passa pela cabeça dos cidadãos averiguar se os deputados estão presentes ou se faltam à AR. Assim como há quem falte à escola há quem falte à AR.

Ontem como não havia quórum, por acaso foi noticiado, e ficamos a saber o que por lá se passa.
É verdade que hoje quinta, e da parte da tarde existem alguns serviços fechados.
Mas os deputados faltaram ontem, e com votações agendadas que obviamente foram adiadas. Na melhor das hipóteses foram para férias de Páscoa na terça à noite. Enquanto outros portugueses vão para mini férias da Páscoa hoje de tarde. Até compreendo os deputados, a sua actividade é muito desgastante e mal paga.

Muito se falar de a classe política estar em descrédito e que é necessário restituir o prestígio da AR.
Nem o próprio estatuto é cumprido. Depois admirem-se com a abstenção e com a desconfiança acerca dos políticos.

Os trabalhadores privados faltam, os funcionários públicos faltam, as polícias fazem greve, os magistrados fazem greve, mas o exemplo deve vir de cima.
Já não há honra, palavra ou sentido de estado neste pântano à beira mar plantado.

Uma palavra de apreço para os 111 deputados que estavam na AR, (apesar de só estarem a cumprir o que é devido). Mas no estado a que chegamos basta cumprir com o que se é obrigado para merecer um elogio, a maioria nem cumpre com o seu dever.

Wednesday, April 12, 2006

O SEGREDO DE BROKEBACK MOUNTAIN

Primeiro que tudo confesso que sai desiludido do cinema.

A fama que rodeia o filme, temo bem que seja apenas pelo tema picante. Vejamos.

A história é perfeitamente banal (se excluirmos o facto de ser entre dois homens), pois é a história de um amor impossível.
Muitas outras já foram contadas no cinema: amor entre pessoas de cor diferente, de credos diferentes ou de classes sociais diferentes e também entre pessoas do mesmo sexo.

Na história e na maneira como o filme é contado não há nada de novo nem de arrebatador.
A realização é competente mas não excepcional.
A interpretação não é das melhores (talvez outros actores tiveram medo de aceitar o desafio) mas a verdade é que os actores são medianos na sua interpretação.

É preciso não esquecer que arte além de conteúdo é também forma.
O conteúdo é pertinente, e Ang Lee tem esse mérito.
A arte em geral e o cinema em particular são bons veículos para chamar a atenção para temas que merecem a nossa reflexão.
A ideia é boa mas a execução é apenas suficiente.
Não deve ser denegrido (pelos retrógrados do costume) nem elogiado (má consciência pela discriminação que os homossexuais sofrem na realidade?) por tratar o tema homossexual, mas sim pelo mérito que tem como filme.

Num ponto é excelente: é um bom teste para ver como lidamos com o tema.
Segundo uma amiga, na sessão que ela assistiu, após a primeira relação sexual homossexual, cerca de 4 homens saíram da sala e nunca mais voltaram. Prova da muita hipocrisia e intolerância na nossa sociedade?


Só por isso talvez valha um visionamento.


Thursday, April 06, 2006

Match Point

Este é o título do mais recente e notável filme de Woody Allen.

De vez em quando, mesmo só de vez em quando, surge um filme como este.
Que faz do espectador um brinquedo, transportando-nos para uma história que não sabemos como vai acabar.
A mestria de Woody Allen (muito melhor atrás da câmara do que à sua frente) é fulgurante.
A primeira 1h30 de filme navega a velocidade de cruzeiro com Allen e os seus pormenores a construírem uma história interessante e bem contada, em que demonstra toda a sua cultura e mundividência. É um belíssimo fresco sobre a sociedade actual e a falta de princípios quando se trata de subir na escala social.
Isto é uma selva e temos menos princípios do que os animais selvagens.
O amor e o desejo, a ambição e o conforto, o reconhecimento social e a “morte” pela rotina, e todos os conflitos que atormentam a alma estão presentes.
A reflexão sobre a vida e a nossa influência sobre o rumo da mesma é de uma inteligência só ao alcance de poucos.
O elenco é todo ele capaz e até a bela Scarlett Johansson é convincente.
Mas sem sombra de dúvida que o papel principal é o da personagem Chris e JONATHAN RHYS MEYERS está excelente no seu infame e vil papel. Conseguindo transmitir o turbilhão interno em que vive a personagem.

E eis que na última meia hora Allen tira o tapete debaixo dos pés e nos atira ao chão, com uma meia hora vertiginosa.
Com originalidade, e fazendo uma perigosa viagem ao que temos de mais tenebroso, Allen conduz-nos exactamente aonde ele quer, até aquele momento em que revisitamos o inicio do filme e onde interiormente exclamamos “agora é que ele está feito ao bife”.
Mas não meus amigos.
Com um golpe de sorte Allen vai ainda mais longe e no último momento volta a surpreender-nos.
Que bem sabe um filme onde até ao último instante não sabemos como vai acabar.
A não perder.

Fica só uma dúvida este excelente filme de Woody Allen foi uma jogada de sorte ou é fruto de muito trabalho?

Tuesday, April 04, 2006

vino veritas

A intenção do governo em baixar a taxa de alcoolémia permitida aos condutores, caso as associações vitivinícolas não tenham papel mais activo na campanha contra o álcool na estrada, é candidata a pior ideia do mês:

- A taxa não deve ser reduzida se os produtores de vinho não fizerem campanha contra o álcool na estrada.
Do mesmo modo que não deve a taxa ser aumentada se os produtores fizerem campanha contra o álcool na estrada.

- O governo já ouviu falar em cerveja e em “bebidas brancas”? Pois também têm álcool.

- A taxa de alcoolémia deve ser uma taxa a partir da qual se entende que o condutor não tem condições para conduzir.
Deve ser fixada de acordo com testes científicos e baseada em estudos práticos que determinem a partir de quando a atenção e os reflexos ficam comprometidos.

Ao que acresce o facto de, apesar de achar que a publicidade é agressiva, cada pessoa ser livre e logo responsável. Quem bebe é quem deve ser responsabilizado, não os produtores.
Maldita herança de Salazar; nunca mais os portugueses se tornam homenzinhos e assumem a responsabilidade dos seus actos. Muito gostam eles que o governo proíba os seus vícios. Irra que País de pequeno.

Os acidentes por excesso de álcool são uma praga e campanhas são necessárias.
Mas esta ideia do governo, nem peregrina é.