Monday, February 27, 2006

Merry carnaval

O Carnaval tem raízes históricas que remontam às bacanais e a festejos similares em Roma.
Depois do Renascimento o Carnaval adoptou o baile de máscaras, as fantasias e os carros alegóricos.
Hoje em dia temos as danças na ilha Terceira e os bailes do coliseu em São Miguel.

Comum a todo o Carnaval contemporâneo temos o “vestir-se de”.
Parece que o fascínio que o Carnaval tem nas pessoas deriva em parte da possibilidade de “fazer-se passar por outrem”.
Uma vez no ano, as pessoas mascaram-se.
Uns de algo que gostariam de ser, outros por mero acto de rebeldia para se libertarem das amarras do quotidiano. Ou ainda por mero gozo.

Outra profissão, outra idade, outro sexo, outra nacionalidade, outra maneira de vestir. Tudo isso a experiência de estar na pele do outro.

Seja o Carnaval o desejo de sair, por um dia, da nossa pele. Seja o desejo de ser algo que não se é. Ou simples desejo de abanar com a rotina.

Tenha um bom Carnaval

Thursday, February 23, 2006

Stendhal

“As mulheres muitíssimo belas surpreendem menos no dia seguinte”

“ O Amor sempre foi a coisa mais importante para mim, ou antes a única”

Digam lá se ele não a sabia toda




Marie Henri Beyle, mais conhecido como Stendhal (23 de Janeiro de 1783, em Grenoble, França - 23 de Março de 1842, em Paris, França).

Novelista; Escritor francês. Seu estilo, ao contrário do excesso de ornamentos, valorizava o perfil psicológico das personagens, a interpretação de seus actos, sentimentos e paixões.

Monday, February 20, 2006

“A noiva cadáver”

A “Corpse Bride” do genial Tim Burton é um filme de puro entretenimento.
Um regalo para a vista e para os ouvidos (sempre que ouvimos Christopher Lee, é claro).
A concepção dos bonecos é o melhor que o filme tem. O pai da noiva-viva, o padre e o assassino da noiva-cadáver estão excelentes.
Entre o gótico, e o blue que também é de tristeza, fica uma descrição de ambiente fantástico com um requinte de pormenores só alcance de poucos.
A história se é engraçada não prende o espectador à cadeira, a partir da metade do filme conseguimos prever o fim.
O que nos prende à cadeira são os bonecos, as suas silhuetas, os rostos, os gestos. Caricaturas de pessoas e tipos sociais de uma sociedade do século XIX.
É o talento que se tem ou não se tem. Começar do nada e imaginar uma pequena vila perdida no espaço.
Para quem gosta de musicais, este musical com marionetas vai encantar também pela sua musicalidade.


Por fim é rir com a graça que as situações provocam e aprender com o contraste entre a tristeza do mundo dos vivos e a algazarra do mundo dos mortos.

Friday, February 17, 2006

Dias negros

Imagens que ficaram dos noticiários de dia 15:

Manifestação violenta no Paquistão.
1 turba de pessoas comandados por uma violência cega, quase obstinados. Revelando uma fúria sem sentido ou objectivo que não a destruição. Como um êxtase colectivo desprovido de lógica onde imperava uma violência gratuita e arquitectada sabe-se lá porque motivos obscuros.
Pura estupidez.

Prisão de Abu Ghraib.
Com homicídios, tortura e humilhação sexual. Total desrespeito pela lei e princípios de direito acerca do tratamento de prisioneiros.
As imagens relevavam um autêntico matadouro. Uma barbárie digna da idade média. Mostrando total insensibilidade ao direito à vida com dignidade, com militares ocupantes a tratar prisioneiros como animais. A negação daquilo que eles também são; seres humanos.
Pura crueldade.

Por cá, rusga da PJ ao “24Horas”.
Não sabemos como a informação acerca do “envelope 9” chegou ao jornal, mas sabemos de onde ela partiu, de uma das entidades que têm acesso aos processos enquanto estão sob o segredo de justiça: Ministério Público, oficiais de justiça e PJ.
Estará a decorrer alguma investigação a esses agentes?
Pura areia para os olhos.

O Procurador-geral da Republica não goza de grande crédito.
Há a ideia que a PGR nada faz, neste caso quiseram mostrar serviço, acabaram a dar barraca.
Numa altura que muito se discute a liberdade de expressão, é preciso que estimemos a liberdade de imprensa que ainda há em Portugal

Dias negros vivemos, muito negros.

Wednesday, February 15, 2006

Usufruir da cidade

Andar a pé no centro de Ponta Delgada nos dias úteis entre as 08h00 e as 18h00 é uma tarefa hercúlea.
Com carros a mais, muitas vezes a ocupar o espaço das pessoas (carros indevidamente estacionados nos passeios e em ruas “reservadas” aos peões), com o barulho de escapes e de auto-rádios, e com um ar pesado devido aos gases poluentes.
Ao fim-de-semana a cidade transfigura-se, circula-se muito melhor, respira-se melhor e a cidade fica mais bonita.

Vem isto a propósito das obras no Largo de São João junto ao Teatro Micaelense para, o que julgo ser, a construção de um parque de estacionamento subterrâneo.
Esta obra é a pior relativa à cidade de Ponta Delgada, desde que me lembro.
Reveladora da má gestão e falta de visão de quem tem por incumbência administrar “a coisa pública”.
Será necessária a construção de parques de estacionamento em Ponta Delgada?
Sim, claro que sim.
Mas não dentro da cidade como o projectado para o largo de São João.
Parques de estacionamento dentro da cidade passam a mensagem errada: traga o seu carro para dentro da cidade. Quando a necessária é: deixe o seu carro fora da cidade.
Numa região em que quase tudo se copia da Europa é pena que não se copiem os bons exemplos.
Os parques de estacionamento devem “crescer” na periferia da cidade. Para que o carro fique às “portas” da cidade e não dentro da mesma.
Melhorando depois o acesso dos parques periféricos até ao centro da cidade, por exemplo através de mini-bus.
Contas feitas a cidade não tem capacidade para todos os carros que nela circulam diariamente. Resultado: trânsito caótico numa cidade relativamente pequena, que não tem o trânsito das grandes urbes europeias.
Isto é mais grave numa cidade em que muitas ruas têm passeios estreitos onde duas pessoas em sentido contrário não conseguem passar em simultâneo e uma delas tem de se aventurar pela via reservada aos carros.
E em que, numa rua como a que trabalho, estar no passeio é meio caminho andado para ser atingido por um espelho retrovisor dos carros que passam.

Problema conexo com este é o preço das tarifas dos transportes públicos.
Deixo o exemplo concreto da minha deslocação diária de casa para o trabalho: se utilizar o carro gasto cerca de 10 euros por semana em gasolina, já se utilizar o autocarro gasto cerca de 14 euros por semana em bilhetes. É o Estado a dizer: utilize o seu carro e não os transportes públicos.
É assim que se incentiva o uso do transporte público e se protege o meio ambiente?

Será que ninguém pensa sobre estas coisas?

A cidade é para as pessoas, não para os carros, e é com base nessa premissa que as nossas cidades devem ser planeadas.

Saturday, February 11, 2006

Liberdade vs sensibilidade

A propósito dos famigerados cartoons, já muito se escreveu, mas o assunto é essencial, porque revelador do que valor que terá a democracia e a liberdade num futuro próximo, por isso e expressando o meu direito à livre expressão:

- Quanto ao argumento de a religião muçulmana não permitir a representação de Maomé. Pura e simplesmente não pega.
As leis do Islão regem a vida dos muçulmanos. Tal como as leis de Cristo regem a vida dos cristãos.
Por essa lógica qualquer dia em Portugal a mulher cobrir-se-ia da cabeça aos pés.

- O fundamentalismo religioso é perigoso.
Eu sou cristão, mas não devo, nem quero impor as minhas concepções aos outros. Muito menos através da força.
Várias pessoas já morreram nas manifestações violentas.
Os Comités da Resistência Popular e o «comando comum» das Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa afirmaram que «qualquer norueguês, dinamarquês ou francês presentes (na Palestina) é um alvo».
Dois trabalhadores da Arla Foods em Meca, cidade santa da Arábia Saudita, foram agredidos.

- Se algo há de criticável no jornal dinamarquês, parece que foi o editorial.
O editorial é algo de sério e revelador da orientação do jornal, e ao que parece foi xenófobo.
O mesmo raciocínio não vale para os cartoons. Os cartoons são por natureza exagerados. A sua função é caricaturar, provocar, mas sem ofender.

- A publicação dos Cartoons é legítima.
É isso a liberdade de imprensa, que graças a Deus existe.
Se alguém se sentiu ofendido, há mecanismos legais para responsabilizar o autor da ofensa. Não é legítima a violência, mesmo que o cartoon seja ofensivo.
E mesmo que ofensivo não devem os governos impedir a sua publicação.

- Se eu achar uma caricatura ofensiva ao meu Deus, deixo de comprar o jornal onde saiu. Digo aos meus amigos para não comprarem. Escrevo para o jornal a reclamar do sucedido.
É possível que as caricaturas ofendam muitos muçulmanos.
Na pesquisa que fiz, das 10 caricaturas que encontrei achei 1 ofensiva.

- Essa publicação foi apelidada de faltar ao respeito aos muçulmanos.
Faltar ao respeito é não aceitar opiniões diferentes da nossa.
Todos são livres de expressar a sua opinião, seja acerca de quem for.
Tem de entrar na minha cabeça, que os outros pensam de maneira diferente, e que podem ter opiniões diferentes da minha e que até podem chocar com a minha sensibilidade. É normal e saudável que assim aconteça.
Se essa expressão for ofensiva deve o ofendido responsabilizar o seu autor pela via legal.

- Sem esquecer que a liberdade de expressão é a principal liberdade
Ela é a voz que chama a atenção para a violação de outras liberdades e direitos.
Sem ela os outros direitos e liberdades esvaziam-se. Porque acham que não há liberdade de expressão nas ditaduras?
Isso é mais claro que água, de nada nos servem outros direitos e liberdades sem liberdade de expressão. Habituem-se à ideia. Ela é essencial à democracia.

E já agora, alguém acredita que as manifestações de violência foram causadas apenas pelos cartoons?

Os cartoons foram publicados no jornal dinamarquês em 30 de Setembro de 2005. Há mais de 4 meses.
No entretanto Mahmud Ahmadinejad, presidente do Irão decidiu activar o programa nuclear. E ainda mais recentemente o Hamas ganhou as legislativas palestinianas.
Em comum há o facto de ambos quererem riscar Israel do mapa.
Basta pensar sobre o assunto.
Sem esquecer a Organização da Conferência Islâmica onde se “programaram” estas manifestações.

Um aparte, no mundo árabe foram publicados cartoons por vingança, viram alguma reacção de violência a esses cartoons?

Esta reacção violenta a um acto não violento. Só vai alimentar as razões da extrema-direita xenófoba e dos radicais islamistas, que não têm razão nenhuma.

Fica a pergunta: a republicação em outros jornais europeus (editor do France Soir foi demitido), depois de o "Jyllands-Posten" ter apresentado desculpas, foi deitar água para a fervura, ou um acto corajoso de liberdade de impressa perante o fundamentalismo religioso?

Wednesday, February 08, 2006

Agora foi demais

O Ministro dos Negócios Estrangeiros, Freitas do Amaral, pediu desculpas ao mundo árabe pela publicação dos famigerados cartoons.
Está bem lembrado, o Governo Português pedir desculpas pelo acto de um jornal dinamarquês. É a nossa diplomacia ao seu mais alto nível, ou seja, de cócoras (como alias é costume).
Nem o Governo Dinamarquês deve pedir desculpas.

Aqui começa o erro dos que têm reagido violentamente aos cartoons.
Na Dinamarca os jornais são entidades privadas.
Não são fontes de propaganda governamental controladas pelo Estado (em conluio com a clero) como acontece na maioria (para não dizer a totalidade) dos países que agora estão indignados.
Na Dinamarca o que um jornal “diz” é da sua responsabilidade.
Nos países que agora estão indignados o que um jornal “diz” é o que o seu governo manda dizer.

Se estão ofendidos que seja perante os jornais. Não perante os governos ou perante o “ocidente”.
Responsabilidade, se a houver, é dos jornais.

Já agora, o Governo Português alguma vez pediu desculpa ao povo iraquiano (por ser invadido por um falso motivo), aos Palops (pela descolonização irresponsável) ou a Timor (por os abandonar de forma cobarde aquando da invasão)?

PS: este post é sobre a atitude da nossa diplomacia, o fundo da questão porque sério e grave está ainda a amadurecer, e por isso ficará para um próximo post.

Tuesday, February 07, 2006

Visão vs Governo

Depois do round "24 Horas" vs Procurador-Geral da Republica.
É a vez do Visão vs Governo.

O trailer do filme reza assim:
- A Visão publicou uma notícia acerca dos serviços secretos.
- O Ministro da Presidência chamou a notícia de «grosseiramente falsa».
- Rui Costa Pinto, o autor da reportagem, em directo para a televisão já confirmou o teor da notícia após o desmentido por parte do Governo.

Não sei quem vai ficar com o óscar para argumento verdadeiro.
É só mais um episódio que mostra a Verdade pelas ruas da amargura, sem ninguém que queira comprometer-se com ela.

Haja vergonha.

Saturday, February 04, 2006

Heinrich Heine

"As tuas palavras são doces, mas ainda mais doce é o beijo que te roubei."


Christian Johann Heinrich Heine (13 de dezembro de 1797 - 17 de fevereiro de 1856), poeta alemão.

Porque é urgente criar uma civilização de Amor, e tudo o que ele traz: amizade, paz, perdão, compreensão e tolerância.
Não só em termos internacionais e nacionais, mas também e sobretudo dentro de nós.
Onde tudo o que é doce (à maneira de H. Heine) mereça a nossa protecção.

Wednesday, February 01, 2006

Fénix

Ontem acabou Janeiro, primeiro mês do ano, aferidor implacável das resoluções de ano novo.
Conscientes do desejo íntimo de mudança, o ano novo é fértil em resoluções com as quais pretendemos mudar o rumo da nossa vida.
Cada transição de ano surge como um renascer.

Tenho conhecimento pessoal de uma amiga que teve como resolução deixar de fumar. O que até hoje conseguiu.
Outra iniciou a prática do Reiki, e juntou ao nick “Ano Novo, Vida Nova”, uma nova atitude perante a vida que é perceptível a olho nu. E continua até hoje.

Podem até abrir mão da sua conquista.
Mas bem verdade; é que ainda não o fizeram, e que vale o esforço.
A esperança é o motor que faz com que o ser humano, esse “cadáver adiado”, continue a lutar por ser quem deseja ser.

A coragem está em reconhecer a fragilidade da nossa vontade e mesmo assim lançarmo-nos aos nossos desejos.
Em desanimar e cair no chão com ambos os joelhos para depois reerguermo-nos, muitas vezes com ajuda de outros caminhantes.
Em reconhecer o Amor como sentimento fonte da vida humana.

Como não estamos sós nesta iniciação que é a vida, partilho aqui um poema que recebi por email como sendo de Fernando Pessoa.

“Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo e que posso evitar que ela vá a falência.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os
desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor
da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não".
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."


Fernando Pessoa um ser humano de corpo inteiro

“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo… Qualquer um pode recomeçar agora e fazer um novo fim.” S. Francisco Xavier

Qual o seu desejo secreto de ano novo?