Democracia obrigatória
Exmo Sr. Presidente do Governo Regional dos AçoresLi há alguns dias na edição on-line do jornal o Público, que V.Exa defendeu “o voto obrigatório nas eleições em Portugal como forma de proteger a democracia”.
Há um primeiro ponto que me parece essencial: uma das mais democráticas formas de liberdade de expressão é precisamente não votar.
Depois consigo lembrar-me de algumas formas, talvez mais eficazes de proteger a democracia:
Políticos honestos e cumpridores da sua palavra, que não digam uma coisa hoje e o seu contrário amanhã.
Partidos que fossem capazes de se guiar pelo interesse superior dos cidadãos e eleger em tempo útil um novo Provedor de Justiça.
Governantes que não influenciassem o poder judicial.
Um Banco de Portugal que servisse realmente para fiscalizar e regular a actividade bancária e não apenas para sacar elementos de identificação aos clientes através dos Bancos, nem para que o seu Governador receba um chorudíssimo salário
Governantes tão generosos para com as pequenas e médias empresas, como para com o BPN e BCP.
Estado que se preocupa em que a Escola ensine a não passe alunos sem saber, apenas para apresentar boas estatísticas na OCDE.
E também seria eficaz não verificarmos que deputados, mesmo com muitas faltas às sessões, são reformados com pensões majestosas.
A nível regional proteger-se-ia a democracia se:
Deputados regionais não perdessem tempo, energia e neurónios a discutir a introdução da sorte de varas, mas sim soluções para os problemas que são muitos na região.
Não fossem praticados crimes de lesa Açores, como os do acesso à Fajã do Calhau, o do depósito de água em frente ao Sol Mar da Ribeira Grande, a lixeira a céu aberto nas Flores em área protegida, ou o do Casino em Ponta Delgada.
Existisse um mercado verdadeiramente liberal e concorrencial no transporte aéreo entre ilhas, que dispensasse os Açorianos da novela à volta do Atlântida.
E o nosso Governo Regional preferisse comemorar o dia dos Açores, numa das nove ilhas dos Açores, em vez de levar 200 convivas para o estrangeiro.
Se a isto juntarmos nas Europeias, a ideia de que a Europa é problema dos outros e que a grande inovação foi a duplicação da remuneração dos Eurodeputados portugueses, pois agora os Eurodeputados de todos os países vão ganhar o mesmo.
Pois temos bastantes ataques à democracia.
Bem sei que V.Exa enquanto Presidente do Governo Regional dos Açores, Conselheiro de Estado e dirigente nacional do PS, não consegue proteger sozinho a democracia destes males que elegi.
Mas como cidadão preocupado com o rumo desta democracia, partilho com outro cidadão preocupado a minha visão democrática.
publicado a 14 Junho, no Diário dos Açores
texto de minha autoria
7 Comments:
Concordo com o que é escrito. Fiquei foi na dúvvida da autoria do texto. Foste tu?
sim, é de minha autoria
Gostei do texto. A abstenção tão elevada também incomoda-me, por mostrar um grande alheamento das pessoas, mas voto obrigatório penso que não será a melhor solução.
para nim mem solução é
isso é cair mto perto de estados totalitários e controladores da liberdade pessoal
A abstençao demonstra desinteresse mas tambem descontentamento.
Concordo com oque foi escrito e acho que a soluçao pela politica chegar perto da população e mostrar que o povo é que é eleito e nao os suspeitos do costume.
Eu concordo que mostre descontentamento, mas penso que não é a melhor forma de o demonstrar. Permite que a decisão seja de outros, dos que votam. Se os que se abstem votassem branco, estes seriam maioritários. Assim sim seria uma enorme demostração de descontentamento.
claro que votar em branco ou nulo, é sem dúvida mostrar descontentamento
não votar, pode ser descontentamento ou falta de interesse
urgente é por outra gente a representar-nos
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